O trabalho de investigação (problemática da aquisição do conhecimento científico) coloca-se de igual modo quer para os fenómenos naturais quer para os fenómenos sociais.
Deve ser conduzido progressivamente em direcção a um objectivo e de acordo com determinado procedimento (a sua metodologia).
De acordo com alguns autores (1), o procedimento científico comporta sete etapas, cada uma delas com os seus actos próprios.
1ª Etapa - A pergunta de partida
Sendo o ponto de partida (sempre constante) de toda a investigação, ela deverá exprimir clara e inequívocamente aquilo que se pretende procurar. Para que esse desempenho seja válido, a pergunta de partida deverá apresentar qualidades de:
a)- clareza (ser precisa, concisa e unívoca);
b)- exequibilidade (ser realista);
c)- pertinência (ser uma verdadeira pergunta, estudar a realidade existente, propondo as
mudanças através do funcionamento existente.
2ª Etapa: A Exploração
É o passo seguinte do procedimento científico. Com ele, procura-se obter a melhor qualidade de informação relativamente ao objecto em estudo e à melhor forma de o abordar.
É composto por dois vectores que, a maior parte das vezes, caminham em paralelo:
a)- o trabalho de leitura (claramente ligado à pergunta de partida) deverá considerar os elementos
de análise, a sua dimensão e as diferentes interpretações existentes. Os meios bibliográficos
deverão ser bem adequados ao objecto (tema) escolhido. Deverá, finalmente, proceder-se ao
resumo da documentação consultada, de modo a destacar as ideias essenciais e compará-las
entre si;
b)- as entrevistas exploratórias permitirão enriquecer as leituras efectuadas, trazendo-lhes a
realidade do quotidiano.
3ª Etapa - A problemática
Uma vez tomada consciência dos factos (fenómenos) estudados, há que decidir da forma como efectuar a sua abordagem. O investigador deverá ter presente a possibilidade de abordagens alternativas de modo a escolher o quadro teórico que melhor se adapte à solução do problema e sobre o qual exista um domínio suficiente.
4ª Etapa - A construção do modelo de análise
Escolhida a problemática, segue-se, naturalmente, a fase da construção do modelo de análise.
Com esta fase pretende-se construir as hipóteses e o modelo que servirão as fases seguintes do procedimento científico. É composta por um conjunto de conceitos e hipóteses que se articulam entre si de modo a produzirem uma matriz coerente de análise.
Deverá precisar-se, com rigor, as:
1)- dimensões dos conceitos e seus indicadores;
2)- relações entre conceitos;
3)- relações entre hipóteses.
5ª Etapa - A observação
Trata-se de uma etapa intermédia entre a construção dos conceitos e das hipóteses e a análise dos dados utilizados para testar as informações reunidas. Aqui, o modelo escolhido é confrontado com os dados recolhidos.
Esta etapa permitirá responder às questões:
a)- observar o quê? - a resposta a esta questão permitirá determinar quais os "dados pertinentes"
à verificação das hipóteses;
b)- observar em quem? - a resposta permitirá delimitar o campo de observação;
c)- observar como? - a resposta permitirá conceber o instrumento habilitado a fornecer as
informações adequadas e necessárias ao teste das hipóteses, testá-lo antes
da sua utilização sistemática e, finalmente, após o(s) teste(s) positivo(s),
passar a utilizá-lo sistematicamente na recolha dos dados julgados
pertinentes.
6ª Etapa - A análise das informações
É a fase do tratamento da informação obtida. Os principais métodos utilizados são a análise estatística dos dados e a análise de conteúdo.
Genericamente, esta fase compreende 3 operações:
a)- a descrição dos dados;
b)- a medição das relações entre as variáveis existentes, de acordo com a forma como essas relações
foram definidas pelas hipóteses;
c)- a comparação das relações reais (observadas) com as relações teorica ou modeladamente
esperadas;
d)- no caso de existirem diferenças, deverá apurar-se a origem das discrepâncias e tirar as
conclusões adequadas.
7ª Etapa - As conclusões
É a última etapa de um trabalho (procedimento) de investigação científica. Compreende, geralmente, três aspectos:
1)- a retrospectiva das linhas metodológicas seguidas;
2)- os novos contributos para o conhecimento respeitantes ao objecto estudado: quer corrigindo
conhecimentos anteriores, quer adicionando novos conhecimentos.
3)- a aplicabilidade da nova matriz de conhecimento relativa ao objecto em estudo, com publicação
e divulgação da mesma.
(1) CAMPENHOUDT, L.V. e QUIVY, R (1995), Manuel de Recherche en Sciences Sociales, Paris,
Dunod.